quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Fuga!

Tem dias que a vontade é de fugir.
Fugir de tudo. Sumir do mundo.
Começar do zero.
Ir para uma cidade que ninguém nunca te viu.
Apagar todo rastro para ninguém te encontrar.
Ou pelo menos quase ninguém.
Se reinventar.

Sentar e esperar e pensar e escrever e cantar e chorar e até gritar...

As vezes a vontade é tão grande que correr até a beira do mar...
E sentar, esperar, pensar, escrever, cantar e chorar...
Tudo isso acontece misturado ao gritar.

Então fugimos.
Esquecemos o mundo. Sumimos de tudo.
Começamos do zero.
Uma pessoa que nunca viu aquela cidade.
Encontrar um rastro que foi apagado.
Ou pelo menos quase apagado.
Voltar reinventado.

E começamos novamente.
Fugimos outra vez. Sumimos novamente do mundo.
Começamos do zero...
...
...

Então voltamos!

terça-feira, 2 de julho de 2013

Resgatando passados...

(20 de Dezembro de 2010)
BASTA UMA ONDA

Olha!
É o mar.
Em seu constante movimento de ir e vir.
Hipnotiza.
Faz sonhar.
Orar.
Chorar.
Sorrir.
Lembrar.
Sim!
Nele nos perdemos, nos achamos.
Por fim, nele, nos chamamos.
Nos dedicamos tanto que quando menos esperamos ele volta a nos derrubar.
Ou a nos levantar.
Aquele que nos perdemos em sua horizontalidade.
Mas que quando o olhamos deciframo-nos internamente.
Pois quando sorrimos, sempre queremos ir em direção a ele.
E quando choramos, o sentimos escorrer em nossos rostos até chegar ao nosso lábio.
Queremos sempre contar as sete ondas para um ano melhor.
Sempre mergulhar de cabeça para lavar a alma.
Mas sempre que o vemos atormentado, fugimos.
Espera, esse é o mar ou o meu peito?
Doce confusão. Ou melhor, salgada!
Pois quando estamos dispostos a sorrir, porém ainda frágeis, basta uma onda, por menor que seja, para nos derrubar.
Em compensação, quando estamos no nosso ápice, a maior delas nos joga nas alturas.
E seguimos assim, nesse constante movimento de, ir e vir.
Mas espera, esse não é o mar?
Que seja, o mar, o meu peito, que seja o que for.
Pois em apenas uma onda eu posso me decifrar, eu posso te decifrar.
Em uma única onda, nós podemos sempre voltar.

domingo, 23 de junho de 2013

Dia 21, 22 e 23.

Dias agradáveis.
Sexta, após quase dois anos, ou até mais de dois anos, sem jogar futebol, fui convidado por um amigo a ir jogar.
Comecei até bem, corri, passe pra gol, tudo pela direita, só pra variar.
Mas ai, depois de uns vinte minutos a perna começou a pesar e as besteiras começaram a ser feitas.
Não é nada fácil se readaptar a jogar.
Mas no fim, vencemos, e ainda participei de mais um ou dois tentos no final e até fiz umas jogadas legais.
Definitivamente jogar bola me faz bem. Cheguei cheio de hematomas em casa, mas nada que me faça não ter gostado da sensação de chutar uma bola novamente.
Sábado, dormi até meio dia.
Acordei já para almoçar.
Tive uma tarde bem agradável. Com sorrisos, brincadeiras, papos "sérios". Divertido.
Triste saber que no fim. Perto de ir embora, pessoas legais surjam e me façam sentir vontade de ficar.
Acontece, é a lei da vida.
Levantar e continuar. Nada de olhar pra trás. Sempre em frente.
Domingo, ainda sem dormir de sábado, deitei por volta das cinto e pouca da manhã. Dormi no sofá como prometido.
Fui acordado às oito pelo gato.
Levantei, troquei a areia, coloquei ração e água e voltei.
Dessa vez não mais para o sofá. Corri para a cama e cai em sono profundo até meio dia e meio.
Ao acordar, novamente direto para o almoço e acabei dominado por uma preguiça gigantesca.
Até umas dezoito horas, sem muitas ideias, sem muita coisa pra fazer.
Eis que surge uma pessoa que me fez sentir coragem de sair de casa.
Conversa agradável, sorvete e açaí, nuggets...
É, definitivamente, esse fim de semana acabei descobrindo motivos para não ir embora. Pena que motivos tardios.
Ficarão, momentos como esses, na memória e presos a vontade de retornar em breve!
Obrigado a cada um que participou do fim de semana.
Agora é preparar para começar a ajeitar as coisas e mudar novamente.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Dias 19 e 20. (Desabafo)

Dois dias, duas sensações, inúmeras emoções...
Ontem, logo ao amanhecer, corri para ajeitar as minhas coisas.
Preparei a mochila, verifiquei baterias, cartões de memória, pilhas...
Check-list...Tudo OK!
Partimos para São Paulo por volta de umas 16 horas.
Lá encontramos um pequeno movimento que parecia não desistir do Brasil.
Tudo bem, a tarifa já havia sido conquistada, mas, a propósito, não são apenas os vinte centavos.
Fizemos por cerca de três horas ou até mais, uma caminhada de uma ponta a outra da Avenida Paulista pelo menos umas dez vezes.
Em nenhum momento houve um voluntário a quebrar as regras da civilidade e cometer qualquer ato de injúria contra qualquer coisa que estivesse pela frente.
Os gritos eram diversos, porém um, apenas um, me chamou a atenção.
"Que coincidência, não tem polícia, não tem violência..."
Fiz as minhas fotos, registrei os momentos que eu pensava que deveria ter registrado.
E, após alguns momentos, para não deixar de ser o que eu sempre fui.
Me uni aos gritos, me uni aos manifestos.
Gritei, parei trânsito. Sou assim. É parte integrante da minha alma lutar por o que é certo.
Voltei para casa com a alma lavada, mas sabendo que era só um dia entre tantos outros que virão.
Não consegui dormir.
Varei a noite estudando, lendo, pesquisando, ...
Vi o dia amanhecer e um aperto forte me veio ao peito.
Lia em declarações de amigos que o dia da cidade de Salvador parar era aquele.
A cada comentário uma preocupação a mais.
Acreditem, estar longe é muito pior do que estar entre bombas e balas de borracha.
Imaginar os momentos de medo e desespero.
Eu fechava os olhos e enxergava a reação de cada um de vocês.
Conforme passava o tempo a angústia era maior...
Eu queria notícias. Eu queria saber que todos estavam bem.
Eu queria a certeza de que ninguém havia se ferido.
Me preocupava com cada um de vocês e me preocupava também com cada um dos que eu não conheço.
Ver tudo pela internet. Ao vivo. Eu ficava com olhos fixos em cada movimento de cada pessoa.
E o sentimento de ódio aflorando cada vez que uma bomba explodia, cada momento que um daqueles soldadinhos de chumbo apontavam suas armas para vocês.
Eu sei que são tempos de mudanças e que os acontecimentos de hoje provavelmente se repetirão em outros dias.
Em um momento reconheci um amigo, fotógrafo, passando na frente da câmera, o vi bem, cumprindo o seu papel. Por alguns segundos o peito se encheu de orgulho.
Mas em questão de segundos a revolta tomou conta novamente de mim.
E ainda estou.
Sinto revolta por saber que muitos estão lutando por algo que é de direito nosso e que grande parte das pessoas que não pensa em se instruir os chamam de vândalos, de agressores, de baderneiros (concordo que existam todos esses, porém são casos muito mais isolados do que parece).
Sinto revolta por estar longe e não poder me unir aos meus irmãos, amigos, cúmplices.
Sinto revolta por ver e saber que tanta coisa que está errada está ai para que todos vejam e as pessoas continuam se fingindo de cegas.
Aos meus amigos, que vocês não abaixem as cabeças, que continuemos juntos a lutar, uma hora há de se mudar, uma hora tudo isso terá valido a pena.
Obrigado por me encherem de orgulho mesmo que com ele venha toda a preocupação que senti.
Como diria um poeta e que ficou eternizado para mim na voz de um irmão poeta: "Coragem, Coragem, Coragem!"
Vos amo.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Dias 17 e 18.

Acompanhando de longe todos os movimentos.
Preparando para um ato grandioso.
Cliques, flashs, nada irá faltar.
E no fundo, uma marca roxa no peito.
Uma saudade que não para de doer.
E ela me dá força de lutar.
Luto por tantos ideais.
Não te abandonarei jamais.
Não estou feliz e isso é notório.
Mas em pensar que estou agindo alivia a tristeza.
Pensar que é uma luta em comum arranca de mim sorrisos.
Me arrepio ao ver vídeos.
Choro de soluçar em alguns momentos.
E ver toda a movimentação vinda de lá e eu estando cá, distante.
Choro ainda mais.
Em breve estarei por lá. Perto de todos.
Querendo estar perto de você e sem saber como será.
Esperando que o futuro chegue logo.
Lutando pelo presente.
Enquanto isso deito e descanso, pois dormir está cada dia mais complicado.
Em silêncio mantenho meu grito de amor por você.
Não consigo me enganar, nem aos outros.
As vezes me afasto de todos por isso.
Mas com o tempo vou voltando.
Outras ideias, outras vontades.
Uma eterna esperança e lembrança.
Em breve estarei por ai.
E quero te olhar nos olhos.
Ver se arranco um sorriso.
Um brilho.
Enquanto isso, volto a descansar!

domingo, 16 de junho de 2013

Dia 16.

Dia de arrumar a casa.
Dizem que para arrumar a vida você tem que fazer isso primeiro.
Feito.
Baguncei tudo e comecei a arrumar.
Corri para festejar e tentar camuflar as confusões.
Sabia que ainda tinha muito para arrumar.
Ao chegar em casa uma surpresa.
A parte mais bagunçada da vida estava começando a se arrumar.
Uma mensagem que me fez voltar a respirar aliviado.
E um sentimento ambíguo pairou sobre mim.
De um lado a felicidade de poder ler tudo o que eu já imaginava.
De poder te ver feliz e bem.
Do outro lado o sentimento que me faz ter vontade de dormir sem ter sono.
Corri para a cama e cá estou eu.
Rolando.
Enrolando.
Deixando rolar.
Lágrimas salgadas correm face abaixo, como outras vezes aconteceu com a tua presença.
De soluçar.
Mas vai passar.
Sempre passa!

Dia 15.

Hoje se completam 15 dias desde a primeira postagem.
O teor é sempre o mesmo.
Dias só.
Conheci pessoas bem bacanas nesse intervalo de tempo e até tenho conseguido sorrir mais do que o comum.
Tenho tido momentos e noites agradáveis.
E tenho estado até certo ponto feliz.
Mas hoje, após as primeiras horas da manhã, após sair e retornar.
Sentar em casa e ver o tempo passar foi bem difícil.
Senti literalmente o mundo girar suavemente de tão parado que eu estava.
E parar me faz aguçar os sentidos.
Grande parte do dia chorei.
Chorei com o povo vaiando.
Chorei com vídeos de manifestos na internet.
Chorei com os amigos organizando a nossa luta.
Chorei pela distância.
Chorei pela saudade.
Chorei.
E veio a dor de cabeça.
Vieram as crises de espirro.
E veio a saudade novamente.
Deitei, chorei, dormi.
Acordei no meio da noite.
Por diversas vezes te chamei.
Ninguém.
Nada.
Só.
Outra vez, só.